Blog monitora o Igarapé da Água Branca na Área de Proteção Ambiental -Apa-Tarumã - Manaus/Am.
sábado, 29 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Nós adoramos maracujá…
Faz dias que estamos observando o movimento de animais e insetos que frequentam os girais de maracujá que instalamos e já começam a produzir belos frutos totalmente orgânicos. O Sauin-de-coleira observa “entocado” uma nova possibilidade de alimentação. A coleta indiscriminada de frutos ( principalmente maracujá-do-mato) e derrubada de florestas nativas diminuiu sensivelmente seu estoque de alimento. Então resta se arriscar e locais abertos. Pelo aqui eles estão seguros e podem comer à vontade.
Mas são os insetos que oferecem um espetáculo mais escancarado. Alguns são fundamentais na polinização das flores para que se transformem em frutos. Esta é a abelha gigante e solitária popularmente conhecida como mamangava(ba). Ela é especialista e basicamente, exclusiva polinizadora do maracujá.
O resto da turma que adora um maracujazinho, talvez não seja tão amável quanto o abelhão.
São insetos incríveis e muito esquisitos. to- dos frequentando a mesma festa, causando danos e benefícios diferentes.
Optamos por um cultivo livre de venenos e aditivos fertilizantes artificiais, para conhecer de perto essa turma. E olha: Tá valendo a pena. Dá só uma olhada nesse cara aí.
Ainda esperamos por mais surpresas, afinal os frutos ainda estão verdes. Quando a época de colheita chegar, aí vamos ver quem mais vai aparecer…
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Condomínios de luxo versus fauna.
Tal agressão ocorre desde os idos tempos da Manaós. Tudo foi se acabando, mascarado de “desenvolvimento”. Assim nasceu no meio do mato bairros horrendos, que hoje são verdadeiras minicidades. As Zonas Leste, Norte e Oeste foram as últimas fronteiras devastadas.
Obras com selo federal, estadual e muncipal deram aval à destruição desenfreada. Os conjuntos residenciais – Cohabs – que prometiam moradia digna, transformaram florestas em desertos e igarapés em esgoto. O Preço de tudo isso está sendo cobrado hoje. Vivemos numa cidade quentíssima, poluída, “engarrafada” e completamente vulnerável às intempéries climáticas. Não é preciso ser um estudioso para prever calamidades nessa Manaus de hoje. O Prosamim por exemplo canalizou, aterrou e estreitou dezenas de igarapés. Bastará algumas horas de chuva ininterrupta para a obra desaparecer no meio da enxurrada. O Volume enorme de água, aliado à correnteza sem obstáculos nataurais, causará enormes danos.
A falta de florestas no entorno da cidade, que poderia agir como barreira para vendavais, já causou estragos no passado e a tendência não é animadora para o futuro. Cada vez mais distantes do meio urbano, estas florestas deixam de funcionar como reguladoras do clima mais ameno. Então, sem nada pelo caminho, os ventos serão cada vez mais fortes, durante as tempestades.
Para onde vamos com tanta pressa de destruir. Agora a APP-Tarumã que ainda abriga milhares de árvores, dezenas de cursos dágua, incontáveis nascentes e uma imensa diversidade de vida silvestre está sendo “urbanizada” em nome do Luxo.
São dezenas de Condomínios e projetos comerciais se instalando com enorme velocidade e sem qualquer tipo de planejamento. As Leis Ambientais não existem para estes segmentos desenvolvimentistas.
O que as pessoas não sabem é que o Tarumã abriga uma malária endêmica, animais extremamente peçonhentos e nuvens de insetos que deixariam qualquer ricaço enlouquecido em sua sala envidraçada. Animais como esta Jararaca de quase dois metros são comuns, entre Surucucus Pico-de-Jaca, Corais, aranhas Armadeiras, Caranguejeiras, lagartas neurotóxicas, piúns contaminados, leshimaniose e até jacarés.
Isso voce não vê nos anuncios de venha morar no Alphavile. Viva ao lado da natureza no condomínio dos Passarinhos, ou Acorde com os pássaros no Mediterrâneo. Estes empreendimentos já existem. Centenas de outros estão previstos. Vai ter muito morador que não vai gostar nada, de seus vizinhos mais antigos. Das cobras, jacarés e outros bichinhos os destruidores podem até se livrar, desmatando tudo em volta. Aí o preço vai ser: aumento descontrolado de ratos, aranhas, escorpiões e outros vizinhos endêmicos do Tarumã. Mas se das “pragas” que rastejam e correm o inavasor também se livrar, dos defensores da Amazônia alados, vai ser mais difícil. Como diria meu amigo Macaxeira: “Viva o defensor da Amazônia. O mosquito da malária! Eu mesmo já fui seu hospedeiro por nove vezes em doze anos de Tarumã.
domingo, 23 de maio de 2010
Obras na Cachoeira Alta
As máquinas estão rugindo na cabeceira da Cachoeira Alta do Tarumã. Parece que algo vai acontecer aqui. Será o começo das obras do Parque prometido pelo Greenpeace durante a festa Rave Ecosystem, que já completa quase dez anos de enganação. Nós continuamos de olho! Somos mesmo zeladores humildes deste abandonado pedaço de Manaus. A lama que se acumulou durante estes dez anos de abandono, fez com que a lâmida dágua, que cobria toda a lage superior da Cachoeira ficasse reduzida a um filete insignificante.
A obra de dragagem é importante sim. É um começo, uma esperança… Talvez este santuário ecológico importantíssimo para a nossa cidade, comece a ser reconduzido ao seu lugar: Patrimônio Paisagístico, Ecológico, Etno-Cultural, Sincrético-Religioso e de lazer. Agora para não ser uma farsa, é preciso despoluir e dragar todo o igarapé da Cachoeira Alta até sua nascente. O trabalho é gigantesco, pois envolve a retirada de centenas de casas instaladas em suas margens.
Em seguida vem a recomposição de toda a floresta ciliar. Aí sim poderemos dizer que a nossa Cachoeira Alta recebeu o tratamento e o reconhecimento que Manaus lhe deve.
Pracinha das Almas para disfarçar e ninguém usar…
Quem será que vai ter coragem de vir namorar na mais nova praça de Manaus. Ela está sendo construída na margem da Cachoeira Alta do Tarumã. À noite é um breu e de dia o risco de assalto é concreto. Nesse local a Secretaria Municipal de Meio Ambiente acaba de criar o Corredor Ecológico das cachoeiras Alta e Baixa do Tarumã. Será que essa “coisa” faz parte dos atrativos do Corredor ecológico.
Nós moradores do Tarumã queremos um Parque Ambiental de verdade com funcionando dentro do Corredor, dotado de equipamentos de lazer, água despoluída, placas indicativas, segurança Iluminação. Por enquanto só tem a “pracinha”.Tem gente querendo brincar conosco. De novo!
No local já havia uma pracinha que foi erguida pelo ex-secretário de obras Paulo Jacob, na gestão do então prefeito Alfredo Nascimento, atendendo um pedido da Ong Mata Viva e tinha um único objetivo: Impedir que carros e caminhões estacionassem no Igarapé da Cachoeira Alta que estava se transformando em posto de lavagem, área de despejo de carros Limpa-fossa e abastecimento de caminhões pipa. Além disso, a Lage da cachoeira podia desabar por causa do excesso de peso. Vamos deixar de brincadeira e trabalhar sério. O Tarumã não precisa de “fachada”, precisa de ajuda e trabalho verdadeiro. A Copa vem aí e os turistas vão se perguntar: Onde estão os parques desta cidade? O Greenpeace já prometeu um parque no local e até hoje nada! Agora essa obra de momento vai servir prá mais uma enganação? Fala Sério!
terça-feira, 18 de maio de 2010
Por outro lado.
O modelo Zona Franca, criado para “desenvolver” e ocupar um grande espaço “vazio” e pobre da Amazônia Legal, poderia ter outro viés, focado para uma atividade que na época de sua instalação, na década de 70, não era sequer um conceito, quanto mais indústria, como é hoje: O Turismo.
Fico imaginando o governo federal destinando recursos para a implantação de um modelo inovador de desenvolvimento que priorizasse a conservação do meio ambiente, a valorização da cultura e costumes regionais e a ocupação sustentável das regiões mais afastadas, favorecendo fortemente a permanência do homem nativo em sua região de origem.
Tudo isso está contido na prática do turismo moderno, hoje tratado como indústria que sustenta economias de dezenas de países, desenvolvidos. Aqui no amazonas tínhamos tudo prá dar certo. natureza exuberante com imensa diversidade, atrativos exóticos, culinária diferenciada, enormes áreas para prática de atividades esportivas, recreativas e até mesmo místicas.
Se em 1970 nosso País tivesse investido nessa linha, hoje teríamos Resorts e Hotéis de Selva, instalados em todos os municípios do estado. A malha aérea de transporte contaria com aeroportos pequenos, mas bem equipados e a a grande demanda de passageiros e cargas “jogaria” o preço das passagens para baixo. Haveria turismo para brasileiros, amazonenses e estrangeiros.
O maior ganho no entanto, seria a permanência do homem nativo em sua região. Não haveria o “inchaço” populacional, urbano com todos os problemas trazidos pela rápida expansão comercial que gerou emprego e renda apenas na capital. Manaus seria mais verde, organizada e menor. O espaço urbano estaria organizado, porque turismo de ponta, só com urnanismo também de ponta. Para ter qualidade ambiental a cidade com certeza teria preservado seus igarapés, cachoeiras, praias e nascentes.
O Estado privilegiado do Amazonas continuaria com suas florestas preservadas, sua gente bem alimentada, educada, cosmo politizada, saudável e sobrevivendo com dignidade, sem necessidade de trocar voto por comida, voto por camisa, voto por favores, voto por esperança de apenas sobreviver mais um dia.
Ocupar a Amazônia ainda é uma necessidade. O problema é com o que, como e quando. Este processo continua acontecendo sem planejamento, com muita propaganda e ganância.
Por outro lado, tem também muita gente trabalhando sério, investindo no conhecimento, na pesquisa, na inovação tecnológica, na educação e qualificação do homem nativo, na natureza preservada e nos recursos naturais explorados com sabedoria e respeito ambiental, embasado na sustentabilidade. Essa gente não gerencia milhares de reais. Trabalha com recursos escassos, muitas vezes tirados de seu próprio e desprovido bolso. Eles respeitam e amam de verdade o Amazonas. Um dia quando a miopia estatal for substituída pela clareza de uma nova ordem, estes brasileiros serão valorizados.
domingo, 16 de maio de 2010
Eu me sinto um estrangeiro… parte I
Quando era criança “tomava” banho no Caiçara Clube de Campo. O Clube era um luxo em meados de 1970. Tinha piscina com azulejo e água tratada, mas eu preferia a piscina de madeira que abrigava uma água côr de guaraná. O Igarapé vinha lá do Parque 10 e era bem geladinho, com direito até a uma minicorredeira. Nome desse igarapé: Mindu. Lembro que ainda no ginásio (78/79) brigávamos para ver quem ia buscar a bola quando um “grosso” dava uma “bicuda” e a redondinha rolava barranco abaixo até cair no grande e profundo igarapé atrás do Solon de Lucena. Ninguém queria cair nágua, porque ali tinha piraíba gigante que engolia um moleque de uma vez! Nome desse igarapé: Mindu.
Quando meu pai tinha tempo levava eu e meu irmão para a Ponte da Bolívia. Puxa-vida: Que alegria! Lá sim é que era legal! Tinha floresta perto e o igarapé fundão aguentava um salto de cabeça da ponte. As areias das margens eram branquinhas e rolava uma pelada com moleques da hora. Na volta, lá pelas duas da tarde a gente passava pela Cachoeira Baixa do Tarumã. Estava fechado com chave de ouro o domingão!
Me lembro do dia que vi pela primeira vez a Cachoeira Alta do Tarumã. Não acreditava que estava em Manaus. A queda dágua tinha uns 20 metros de largura e sei lá quantos de altura. A água parecia Guaraná Andrade Champagne caindo daquela alturona e espumando lá embaixo. Meu pai não deixava a gente descer, mas no primeiro descuida lá estava eu e meu irmão recebendo uma ducha rápida, pois demorava muito prá subir o “penhasco” de volta.
Lá no Educandos íamos visitar a vovó. Eu gostava de ver uns moleques malucos que saltavam do alto da ponte naquela água preta que cheirava a pau-rosa. O rio dava medo só de olhar, mas era limpo e tinha muitas praias no verão. Já quase adolescente ficava imaginando como devia ser legal morar no Palácio Rio Negro, cercado na lateral e nos fundos por um lindo igarapé que abrigava muitas marrecas e jaçanãs.
É quando me lembro de tudo isso que me sinto um estrangeiro, morando na minha cidade. As memórias queridas da infância não se apagaram, mas a paisagem de hoje é outra. Graças a Deus estou criando meus filhos no que ainda resta de florestas e água corrente limpa na minha cidade. Quero dar a eles motivos para pelo menos lembrarem de uma Manaus que em pleno século 21 tinha uma floresta e um igarapé vivos.
Agradeço ao meu querido e fragilizado Tarumã por esta oportunidade. Agradeço a Deus por não permitir qua a brutalidade e o descaso manauara acabasse “Prosaminzando” o último igarapé limpo e vivo da Cidade. Viva o Igarapé Água Branca! Viva suas florestas de entorno!, Viva suas flores, animais e pássaros!
O mínimo que posso fazer é cuidar de ti. Enfrentar quem te agredir e contar tua estória de vida ou morte, mesmo que para isso, tenha que ser tratado como um estrangeiro metido em assuntos da realeza burguesa e burra que não valoriza a natureza e te ameaça com aeroportos, bregas, condomínios,estradas, loteamentos e muita truculência.
Eu me sinto um estrangeiro passageiro de algum trem
que não passa por aqui, não… (Engenheiros do Havai – que também poderiam ser daqui).
sábado, 15 de maio de 2010
O Bicho vai pegar…
Quem mora perto de florestas sabe que a qualquer momento o bicho pode pegar… literalmente. Basta um descuido e voce toca sem querer num amiguinho como esta lagarta. Aí amigo, pode buscar socorro porque o bicho pegou.
Extremamante venenosos, estes animais estão equipados com microespinhos, impregnados de veneno neurotóxico. Basta encostar de leve prá fazer efeito. Aí se a quantidade de ferradas for muito grande pode até matar.
Mas até chegar a um processo de autodefesa tão poderoso, este animal enfrenta um período crítico, enquanto as cerdas venenosas ainda não estão desenvolvidas.
Então, só mesmo a camuflagem perfeita pode salvá-los. Caso contrário vai virar comida de passarinho.
Mas quando tuda dá certo, a natureza revela sua beleza e uma linda e inofensiva borboleta surge para polinizar nossas flores e enfeitar nossas vidas.
Cedrinho: Árvore gigante do Tarumã
As árvores de cedrinho do Tarumã podem alcançar facilmente 40 metros de altura. Na trilha do Água Branca uma árvore centenária com aproximadamente 30 metros de altura lançou sementes que germinaram, formando um grande berçário de árvores bebês.
Na clareira onde as novas árvores se formaram, recolhemos mais de 50 mudas e replantamos em vários locais espalhados ao longo da trilha. Este trabalho foi feito em meados de dezembro do ano passado e neste final de semana, fomos conferir quantas vingaram. Com tristeza contabilizamos apenas três árvores jovens sobreviventes.
Acreditamos que a pouca quantidade de chuvas deste “inverno” atípico contribuiu decisivamente para o fracasso no desenvolvimento das mudas. A árvore matriz continua imponente e vamos esperar pela próxima florada, para repetir nossa tentativa de replantio.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
O Igarapé Água Branca, seu Igapó e sua gente
É uma maravilha morar aqui nas margens do Igarapé Água Branca. Moramos cercados pela floresta imponente e águas cheias de vida. A criançada adora nosso igarapezinho Dia de sol é uma festa… Banho garantido nas águas frias, transparentes e limpas do Água Branca. Tudo isso a menos de 15 minutos do centro da cidade. É incrível ainda contarmos com um igapó cheio de espécies exóticas da fauna e flora.
A pergunta que fazemos é: Porque nossa cidade não protege estas áreas?
Será que estas fotos de uma natureza que resistiu até os dias de hoje, vão para o arquivo de uma Manaus que já matou e continua matando todos os seus igarapés e florestas urbanas? Nós estamos contando a estória de vida ou morte deste miniparaíso escondido. Estamos mostrando exatamente onde ele fica, a área que alcança e a importância que tem para nossa vida e nossa cidade.
O Igarapé da Água Branca (marcado pela linha verde na foto de satélite), nasce nas matas protegidas do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, atravessa a Avenida do Turismo, segue por trás do Condomínio Mediterrâneo e segue através de extensa floresta (cerca de 8 km) até desaguar na poluída e abandonada Cachoeira Alta do Tarumã.
Só o que queremos é mantê-lo assim… Com crianças,bichos e água limpa. Será pedir muito?
terça-feira, 11 de maio de 2010
Simbiose: Um não vive sem o outro
Se um deixar de existir, outro também desaparece. É assim que natureza reage. As cores, a textura, a forma. As plantas podem representar a plataforma ideal para o ataque ou esconderijo. A natureza é casa e caminho. Um simples galho de árvore pode abrigar milhares de animais que a pressa do homem é incapaz de observar.
Então fica o aviso: Cuidado onde pisa! Veja onde pega! Não pense que a vida é só macro. Pare para observar as pequenas coisas e perceba que tudo é importante.
fotos: colaborador Alison Ordones