Tudo começou quando nossa amiga Noemi chegou em nossa casa dizendo qua havia trazido um amigo para conhecer o Igarapé Água Branca. Já me preparava para dar as boas-vindas quando ela abriu a mão e apresentou o tal amigo. Era um filhote de Araçari (minitucano) que ela e o marido haviam encontrado na estrada. Não estava ferido, mas era muito pequeno, quase pelado e muito ativo.
Noemi pediu para que “adotássemos” o filhote até que ele pudesse voar sozinho sem perigo. Meus filhos foram os primeiros a “topar” virar pais postiços de Araçari. O Jozinho de cinco anos (pensava que o araçari era um filhote de tucano) batizou logo o bicho de “Tuco”. Alimentar um filhote de Araçari não foi tarefa muito difícil para eles, afinal não são pais postiços de primeira viagem. O João Miguel, do alto de seus dez anos garantia que era só fazer como fizeram com outros filhotes que criaram.
Os meninos elaboraram um cardápio que incluia grilos, gafanhotos, larvas e muitas frutas nativas. Rapidinho o bicho começou a voar dentro de casa e a comer sozinho. Um dia pegamos o “Tuco” no flaga comendo até a ração dos cachorros. Observamos muita coisa interessante sobre a “personalidade” dos Araçaris. Primeiro aprendemos que ele comia pouco quando era alimentado por nós. Quando passou a comer só comia muito, mas em pequenas porções com pequenos intervalos.
Nosso amigo “Tuco” cresceu rápido e com asas cada vez mais fortes. Finalmente, neste final de semana, os pais adotivos do “Tuco” resolveram liberar de vez o rapaz para voar livremente no quintal. O Jozinho viu assustado o filhote de Araçari bater forte as asas, voando para o meio da mata. Todos ficamos esperando para ver o que ia acontecer. Derepente o bichinho voa mais alto e some na mata. O Jozinho começou a chorar dizendo que estava com saudade.
Expliquei para os curumins que bicho nenhum pode ser criado preso. Eles precisam da liberdade para se alimentar e reproduzir. Eles entenderam e logo esqueceram. Foi aí que aconteceu o que ninguém esperava: O Tuco estava parado na janela e quando viu os meninos voou direto para a cabeça do Jozinho. De lá para cá ele nunca mais ficou preso. Agora quando quer, ele dorme nas árvores e quando não voa para dentro de casa e se empoleira na coluna mais alta.
Agora estamos tendo a oportunidade de observar de perto o desenvolvimento de um filhote de Araçari, cuja espécie, ainda voa em bandos nas florestas do Tarumã, junto com os “primos” maiores, os Tucanos. Não sabemos qual vai ser a reação do nosso jovem “Tuco” quando encontrar com os bandos de Araçari, que por hora estão em outras regiões da APA-Tarumã, mas já, já vão chegar, atrás dos cachos de pupunha, açaí, bacaba, patauá e muitas outras iguarias nativas dos últimos fragmentos de floresta conservada na APA-Tarumã.
3 comentários:
A vida de voces é quase um conto de fadas. Como devem ser felizes estas crianças que crescem ao lado da natureza. Parabéns, quando vemos gente vivendo assim compreendemos que riqueza é isso.
Rogério - santa catarina.
Como faço para alimentar um filhote de araçari? trouxeram um para casa de uma arvore que foi derrubada.... qual o melhor tipo de fruta e insetos? qual o intervalo entre uma refeição e outra? obrigado pela atenção
Davi - Belém - Pa
davi fernandes
ganhamos um filhote de araçari e estou alimentando ele com banana e mamao amassadinho, na colherzinha.... come que é uma beleza!
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