Os noticiários de jornais locais dão conta de uma super-seca este ano. Na bacia do Ruio Negro os efeitos foram dramátricos. Uma enorme quantidade de água simplesmente evaporou, deixando cidades e comunidades completamente isoladas. Na região do Tarumã-açú e Tarumã-Mirim, milhares de famílias sentiram na pele a seca record. Em quase todas as comunidades o mesmo cenário. Isolamento, falta de água potável e até para tomar banho .
Dezenas de pequenos igarapés secaram completamente, transformando a vida de todo mundo que morava perto. Muitos destes igarapés apresentam volume de água muito maiores que o Água Branca, com nascentes mais preservadase localizadas em locais distantes. Mesmo assim secaram completamente.
Enquanto o cáos se espalhava na APA-Tarumã, nosso Água Branca continuava com nível de água bastante significativo, oferecendo o líquido precioso e limpo para a bacia do Tarumã-Mirim. Milhares de pequenos peixes aproveitaram suas águas frias e correntes para se reproduzir e crescer. A “maternidade-creche” oferecida pelo Igarapé Água Branca não fechou as portas nesta que foi maior seca de todos os tempos no Amazonas.
A pergunta que fica é: A cidade bruta de Manaus vai matar também este estuário de vida. Nós vamos aterrar e poluir mais um igarapé vivo. Manaus é uma cidade ingrata, injusta e despreocupada com questões vitais que envolvem sustentabilidade e meio-ambiente preservado. Aqui tudo já teve, já foi bonito, já foi limpo, já foi do povo. Já chegou a hora de mudar tudo isso.
O Igarapé Água Branca é um exemplo claro de ressistência da vida. Ele não secou porque suas nascentes no Aeroporto Eduardo Gomes, estão preservadas. 90% de sua extensão está cercada de floresta primária. Seus alagados, baixios e mini-igapós ainda estão completamente preservados. É fácil perceber a importância da floresta nativa conservada ao longo de suas margens, onde milhares de pequenas nascentes (que abastecem ininterruptamente com água nova e limpa o leito principal do Água Branca) sofreram bastante com a seca, mas nunca secaram completamente, porque a sombra das florestas as protegiam.
Nossa mensagem, embora seja dura às vezes, na verdade é apenas um GRITO de socorro. Um PEDIDO de clemência e tolerância. Estamos pedindo para Manaus trocar a destruição implacável, pela conservação necessária para a qualidade de vida desta e das futuras gerações de nossa barelândia. Aqui nestas florestas viveram no passado Nações indígenas que juntas abrigavam cerca de 5 milhões de indivíduos. As marcas desta enorme ocupação ainda estão sendo descobertas. Estes povos ocuram a Amazônia e quase não deixaram rastros. Eles RESPEITAVAM E COMPREENDIAM a natureza, por isso não destruiam, nem desfiguravam seu habitat. Nossa geração “progressista moderna” faz completamente diferente. As gerações futuras não vão ter trabalho para encontrar suas marcas. Vão estar muito ocupadas tentando apagá-las.
VIVA ETERNAMENTE ÁGUA BRANCA! Nem que seja apenas na nossa memória.
Nós vamos continuar contando tua estória real.
Um comentário:
Porque as autoridades de Manaus não atuam em conjunto com a sociedade civil para planejar ações? Aqui em São José do Rio Preto-SP temos gestão participatuiva e meio-ambiente sempre é carro-chefe. Continuem na luta. Um dia a vitória vem.
Heitor Conier- Sp
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