Inca. Colabortadora internacional de peso. Publicação excelente. Uma verdade inexorável. Parabéns! A Colômbia também pode contar conosco. Somos ativistas sem fronteiras, Exigindo o fim da destruição da fauna, flora e recursos naturais'. Aguabrancaonline.
Toda a região do Tarumã, situa-se no que foi uma grande e rica comunidade indígena, trata-se de um grande sítio arqueológico. Os índios Tarumãs oriundos de São Gabriel da Cachoeira instalaram-se nesta região. Todo o Tarumã está em cima do maior e mais importante lençol freático de Manáus, onde muitas de suas nascentes ainda encontram-se preservadas... O igarapé das Águas Brancas é sem dúvidas uma das mais importantes fontes alimentadoras de oxigênio e nutrientes do velho Tarumã. Aves, animais, plantas e insetos exóticos e únicos ainda resistem neste ambiente... Porque será que alguns, ainda teimam em permitir que este pedaço de terra se perca ante a destruição??? Quantos condomínios de luxo serão necessários para acabar com nossas nascentes??? PAREM DE DESTRUIR O TARUMÃ! Manáus sofrerá com uma grande epidemia de viroses, malária, dengue, falta de água potável, aquecimento generalizado, tempestades de vento e mortandade catastrófica de espécies de animais raros e migratórios! Tem gente "importante" saindo dos condomínios da Vivenda Verde e Pontal, jogando sacos de lixo no igarapé, PORCOS NOJENTOS! Vou começar a denunciar as placas dos carros na internet, agaurdem-me! Ainda estão retirando páus-de-escora das margens ciliares e arreia dos poucos areais limpos que sobraram. A cachoeira das almas: Nem mesmo as almas sobraram, só restaram a lama e os focos de malária e dengue! Estou farto de tanta conversa fiada, estou com nojo destes hipócritas engravatados... Senhores políticos eleitos por todas as comunidades que hoje compõem o Bairro do Tarumã, tomem vergonha em suas caras gordas e inchadas, façam algo pelo Tarumã ou não ousem pedir votos por aqui nas próximas eleições, pode ser que sejam muito mal recebidos por aqui!!! O povo do Tarumã não tem segurança, não tem saúde, não tem educação, não tem transporte coletivo, não tem serviços básicos para a população, não possui nada do que reza a constituição... Temos nossa Selva e nossas águas, isso não tirarão de nossas mãos, não tão facilmente. Isto é um aviso!!! Ralph Proença, Presidente da Ong Nossa Mãe Terra e morador da comunidade do Tarumã. Irmanado a Ong Mata Viva, somos o grito de resistência desta pequena parte verde deste Planeta.
Ralph Proença. Presidente da Ong Nossa Mãe Terra.
disse...
A morte do Tarumã. Naquele ponto, o igarapé é mais largo com quase 60 metros, um pouco fundo no meio! As águas são da cor do petróleo, mas perto das margens, turvas, sujas e lentas. O sol se vai por atrás da enorme castanholeira que se mantém firmemente enraizada por trás da Rádio Comunitária na beira do igarapé. A fumaça da fabrica de asfalto e a poeira das invasões, dão ao por do sol um estranho colorido vermelho escuro que se reflete na amplidão das águas doentes do Tarumã. Mesmo assim ainda é um belo fim de tarde, sem dúvidas. Cada folha de grama, árvore, pássaros coloridos, tudo estava embebido da mais pura e suave beleza - com toda miséria e poluição, tudo ainda está belo! Nada existe separado, fragmentado. Nas margens do igarapé um pescador lamentava sua pesca. – “Já não há mais pacu por aqui!” - Ainda há faixas largas de terra selvagem ao longo de ambas as margens desse igapó e durante os dias deste escaldante verão equatorial eu bem que poderia banhar-me nestas margens verdes e convidativas - mas agora, estas bandas daqui estão escuras, silenciosas e recolhidas. No meu lado do rio há um vasto espaço não cultivado e poluído, completamente doente! As crianças desta aldeia soltam os seus “papagaios-de-papel” e se divertem em barulhentas brincadeiras, devem imaginar lugares bem acima desta grande sujeira enquanto “descaem” suas linhas subindo com seus sonhos cada vez mais lá no alto. Um grupo silencioso de homens desce pela margem direita do barranco do “morrinho” transportando uma padiola de bambu com um cadáver coberto com uma mortalha branca. Passaram silenciosamente por mim. Chegando à beira do igarapé depositaram a padiola no chão quase a tocar a água. Havia gravetos e toras de madeira devidamente cortados e arrumados, depois de levantarem com estes uma grande pira, colocaram por sobre ela o cadáver que traziam na padiola de bambus. Um menino acendeu a pira. Éramos cerca de trinta pessoas e todos, inclusive os meninos da Rádio, nos reunimos em redor. Não haviam mulheres presentes e os homens, agachados e vestidos de branco mantinham-se completamente imóveis e silenciosos. A fogueira começou a crepitar gerando intenso calor e todos tiveram que chegar mais para trás. As chamas refletiam-se nas águas em companhia das primeiras estrelas. A leve brisa surge com o pôr do Sol. Fora o crepitar do fogo tudo é silêncio. A morte está aqui, ardente. Envolvendo-nos, imobilizando-nos e as chamas vivas, estendem-se rumo ao espaço infinito formando gestos macabros em pleno ar, percebo uma sensação de distanciamento tão grande quanto o tamanho da solidão que sentíamos. Não tardou partiu-se o crânio e os aldeões começaram a partir. O ultimo a partir devia ser um parente do morto - juntando as mãos, fez uma saudação e subiu o morrinho bem devagar. Só eu e os meninos da Rádio ficamos. Muito pouco restava ainda dos ossos, as chamas acalmaram-se e só restavam brasas. Os poucos ossos que não foram consumidos pelo fogo, serão lançados ao igarapé amanhã. A imensidade da morte, sua presença direta tão próxima! Com a cremação daquele corpo, também nós morríamos um pouco. Era uma solidão completa, mas sem separação - solidão, mas não isolamento. O isolamento é criação da mente, mas não da morte. Meus meninos disseram-me que aquele corpo era um velho Índio chamado Tarumã, que as águas daquele igarapé haviam aparado-lhe ao nascer... Disseram-me que ele era um filho das águas do Tarumã, que seu pai era uma criatura encantada daquelas matas e que sua Mãe era uma das caboclas mais bonitas daquelas beiras, que foi morar dentro das matas após parir Tarumã - foi morar lá para as bandas de Nossa Senhora de Fátima, isolada nas beiras do igarapé, sempre esperando pelo pai de seu filho. Morreu Tarumã! Morreu o “40”, morreu os ingleses, morreu o paxiúba, morreu o mindú, morreu o educandos... Crônicas da Rádio Tarumin-tarumã (2002) Primeira bandeira da Mata Viva Ong. Ralph Proença. Ex-secrtário geral da Ong Mata Viva. Mate a saudade Jó, meu velho companheiro de lutas
Ralph Proença. Presidente da Ong Nossa Mãe Terra.
disse...
De fato, muita coisa mudou! Lembro-me das lutas travadas por mim e o Jó, a frente da Ong Mata Viva em prol do Tarumã em meados de 2003. Enfrentamos enormes barreiras e por muitas vezes agressões e ameaças... Desafiamos interesses de poderosos numa época em que o Tarumã era tido como uma terra sem lei! Ainda há sérios problemas por aqui: Não temos segurança, o único posto de saúde não atende as necessidades da comunidade que é repleta de crianças, não temos uma farmácia pelas redondezas e o transporte demora cerca de duas horas para passar pela estrada da Vivenda Verde. No início das atividades da Ong Mata Viva, eu e o Jó e alguns pseudo ambientalistas que desistiram da empreitada no decorrer das lutas da Ong , por medo (um bando de frouxos), montamos uma Rádio comunitária dentro da comunidade para trazer informação, cidadania e ajuda aos moradores, além de mantermos uma escolinha de meio-ambiente para as crianças. Lutamos contra o Geenpeace para impedir as festas have´s que destruíam e poluiam as nascentes da Cachoeira alta, lutamos contra os saqueadores de madeira nova, areia e pedras das áreas verdes e dos igapós e fizemos de tudo para chamar a atenção das autoridades da época, para atenuar a destruição do Tarumã enquanto as invasões destruíam a selva nas nascentes da Cachoeira alta. Lutamos contra a prostituição infantil, a evasão escolar da comunidade e pregamos a cidadania e os direitos sociais, implantamos a criação e o resgate das nossas legítimas e primitivas abelhas regionais na comunidade com o apóio do Inpa e seus cientistas como o saudoso Prof. Keer, salvamos várias espécies de animais nativos de gaiolas e atropelamento pelas estradas e ramais, durante três anos mostramos o Tarumã e os seus problemas para Manaus. Eu e o Jó, só nos "afastamos" do Tarumã para não sermos mortos, coisa que muita gente não sabe, não é Jó? O mirante da cachoeira alta é uma das conquistas do nosso trabalho, a laje de pedra ameaçava cair com a quantidade de pessoas que utilizavam-se da cachoeira para lavarem seus carros em cima da laje da queda da água... ainda há muito para ser feito, nós sabemos! Hoje, lutamos para salvar algumas nascentes e um igarapé em especial, o Águas Brancas, e toda uma fauna e flora em seu entorno! Eu aqui na estrada da Vivenda verde, luto para preservar o igarapé do "ceará", cuja nascente serve de cemitério para carcaças de bois e cavalos doentes de uma grande fazenda. Nossa luta é árdua e desigual, primo por qualidade de vida para o futuro de meus/nossos filhos... Ainda agoniza o Puraquéquara, ainda temos a questão do sítio arqueológico soterrado pelo fraudulento habitacional Nova cidade, onde perdemos um pedaço valioso de nossa história, onde haviam cerca de cinco mil índios, o que seria o maior sítio arqueológico da história do Amazonas, cujas promessas de preservação, restauração, pesquisas e catalogação do material encontrado e o que encontra-se ainda soterrado permanecem esquecidos, assim como muitos dos compromissos assumidos por nossas autoridades. Temos a questão do desenvolvimento Sustentável mal resolvida pois muitas comunidades carecem de parcerias, incentivos e informação, carecem de projetos e parcerias, há muita desigualdade na distribuição de verbas para execução de bons projetos, faltam explorar de forma racional os recursos florestais que perdem-se diariamente bem debaixo de nossos narizes nas periferias e comunidades ruirás em sua maioria constituídas de invasões (mais floresta no chão), o que fazer com a madeira, as sementes, as colméias nativas de abelhas, o replantio racional das árvores derrubadas nestas invasões inevitáveis, não é senhores políticos? Cobrar o cumprimento das leis ambienteis das autoridades... Hé Jó, ainda há muito o que fazermos! Ajudem-nos nesta luta! O futuro agradece... Ralph Proença - Ong Nossa Mãe Terra.
Ralph Proença. Presidente da Ong Nossa Mãe Terra.
disse...
Acordei hoje e não vi nenhum Sauím-de-coleira, passar pelos fundos do meu sítio aqui na estrada da vivenda verde. Aliás já fazem cerca de uma semana que eles estão afastados... É que próximo ao meu sítio, há uma fabrica de moldes de concreto para a construção civil - o barulho dos homens e as maquinas trabalhando afugenta os Sauíns, bem como a Capivara que surpeendentemente apareceu no meu terreno para catar folhas caídas dos coqueiros para construir seu ninho dentro da mata. Aos poucos os bandos de tucanos, ciganas, periquitos e outras aves estão desaparecendo! É porque estes habitantes daqui estão perdendo seus espaço para o concreto que teima em derrubar as árvores e destruir as nascentes do Tarumã, eu pergunto aonde estão os corredores ecológicos? Onde está o freio para a devastação irresponsável para as áreas verdes de Manaus? Porque os responsáveis pelo Meio ambiente, continuam sentados em cima de seus sacos, como gatos de armazém, gordos e inchados??? Sinceramente, eu acho que Manaus brinca de ecologia, todas as ações são em função das "visitas" internacionais, "coisa para gringo ver"! Milhões gastos pra o advento da copa... Enquanto nossas nascentes protegidas por leis federais estão sendo destruídas e muitas das nossas crianças sucumbem pela fome, miséria e as drogas! Aqui mesmo no Tarumã tem gente perecendo pela miséria, abandono e o total descaso das autoridades. Um País em que as leis só funcionam para quem não possui condições de se defender... Acorda Manaus, acorda Brasil, JÁ PASSOU DA HORA DE DESPERTAR DESTE SONO LETÁRGICO!!! Ralph Proença, Presidente da Ong Nossa Mãe Terra - Não vou me calar mais!!!
5 comentários:
Inca.
Colabortadora internacional de peso. Publicação excelente. Uma verdade inexorável. Parabéns! A Colômbia também pode contar conosco. Somos ativistas sem fronteiras, Exigindo o fim da destruição da fauna, flora e recursos naturais'.
Aguabrancaonline.
Toda a região do Tarumã, situa-se no que foi uma grande e rica comunidade indígena, trata-se de um grande sítio arqueológico. Os índios Tarumãs oriundos de São Gabriel da Cachoeira instalaram-se nesta região. Todo o Tarumã está em cima do maior e mais importante lençol freático de Manáus, onde muitas de suas nascentes ainda encontram-se preservadas... O igarapé das Águas Brancas é sem dúvidas uma das mais importantes fontes alimentadoras de oxigênio e nutrientes do velho Tarumã. Aves, animais, plantas e insetos exóticos e únicos ainda resistem neste ambiente... Porque será que alguns, ainda teimam em permitir que este pedaço de terra se perca ante a destruição??? Quantos condomínios de luxo serão necessários para acabar com nossas nascentes??? PAREM DE DESTRUIR O TARUMÃ! Manáus sofrerá com uma grande epidemia de viroses, malária, dengue, falta de água potável, aquecimento generalizado, tempestades de vento e mortandade catastrófica de espécies de animais raros e migratórios! Tem gente "importante" saindo dos condomínios da Vivenda Verde e Pontal, jogando sacos de lixo no igarapé, PORCOS NOJENTOS! Vou começar a denunciar as placas dos carros na internet, agaurdem-me! Ainda estão retirando páus-de-escora das margens ciliares e arreia dos poucos areais limpos que sobraram. A cachoeira das almas: Nem mesmo as almas sobraram, só restaram a lama e os focos de malária e dengue! Estou farto de tanta conversa fiada, estou com nojo destes hipócritas engravatados... Senhores políticos eleitos por todas as comunidades que hoje compõem o Bairro do Tarumã, tomem vergonha em suas caras gordas e inchadas, façam algo pelo Tarumã ou não ousem pedir votos por aqui nas próximas eleições, pode ser que sejam muito mal recebidos por aqui!!! O povo do Tarumã não tem segurança, não tem saúde, não tem educação, não tem transporte coletivo, não tem serviços básicos para a população, não possui nada do que reza a constituição... Temos nossa Selva e nossas águas, isso não tirarão de nossas mãos, não tão facilmente. Isto é um aviso!!! Ralph Proença, Presidente da Ong Nossa Mãe Terra e morador da comunidade do Tarumã. Irmanado a Ong Mata Viva, somos o grito de resistência desta pequena parte verde deste Planeta.
A morte do Tarumã.
Naquele ponto, o igarapé é mais largo com quase 60 metros, um pouco fundo no meio! As águas são da cor do petróleo, mas perto das margens, turvas, sujas e lentas. O sol se vai por atrás da enorme castanholeira que se mantém firmemente enraizada por trás da Rádio Comunitária na beira do igarapé. A fumaça da fabrica de asfalto e a poeira das invasões, dão ao por do sol um estranho colorido vermelho escuro que se reflete na amplidão das águas doentes do Tarumã. Mesmo assim ainda é um belo fim de tarde, sem dúvidas. Cada folha de grama, árvore, pássaros coloridos, tudo estava embebido da mais pura e suave beleza - com toda miséria e poluição, tudo ainda está belo! Nada existe separado, fragmentado. Nas margens do igarapé um pescador lamentava sua pesca. – “Já não há mais pacu por aqui!” - Ainda há faixas largas de terra selvagem ao longo de ambas as margens desse igapó e durante os dias deste escaldante verão equatorial eu bem que poderia banhar-me nestas margens verdes e convidativas - mas agora, estas bandas daqui estão escuras, silenciosas e recolhidas. No meu lado do rio há um vasto espaço não cultivado e poluído, completamente doente! As crianças desta aldeia soltam os seus “papagaios-de-papel” e se divertem em barulhentas brincadeiras, devem imaginar lugares bem acima desta grande sujeira enquanto “descaem” suas linhas subindo com seus sonhos cada vez mais lá no alto. Um grupo silencioso de homens desce pela margem direita do barranco do “morrinho” transportando uma padiola de bambu com um cadáver coberto com uma mortalha branca. Passaram silenciosamente por mim. Chegando à beira do igarapé depositaram a padiola no chão quase a tocar a água. Havia gravetos e toras de madeira devidamente cortados e arrumados, depois de levantarem com estes uma grande pira, colocaram por sobre ela o cadáver que traziam na padiola de bambus. Um menino acendeu a pira. Éramos cerca de trinta pessoas e todos, inclusive os meninos da Rádio, nos reunimos em redor. Não haviam mulheres presentes e os homens, agachados e vestidos de branco mantinham-se completamente imóveis e silenciosos. A fogueira começou a crepitar gerando intenso calor e todos tiveram que chegar mais para trás. As chamas refletiam-se nas águas em companhia das primeiras estrelas. A leve brisa surge com o pôr do Sol. Fora o crepitar do fogo tudo é silêncio. A morte está aqui, ardente. Envolvendo-nos, imobilizando-nos e as chamas vivas, estendem-se rumo ao espaço infinito formando gestos macabros em pleno ar, percebo uma sensação de distanciamento tão grande quanto o tamanho da solidão que sentíamos. Não tardou partiu-se o crânio e os aldeões começaram a partir. O ultimo a partir devia ser um parente do morto - juntando as mãos, fez uma saudação e subiu o morrinho bem devagar. Só eu e os meninos da Rádio ficamos. Muito pouco restava ainda dos ossos, as chamas acalmaram-se e só restavam brasas. Os poucos ossos que não foram consumidos pelo fogo, serão lançados ao igarapé amanhã.
A imensidade da morte, sua presença direta tão próxima! Com a cremação daquele corpo, também nós morríamos um pouco. Era uma solidão completa, mas sem separação - solidão, mas não isolamento. O isolamento é criação da mente, mas não da morte. Meus meninos disseram-me que aquele corpo era um velho Índio chamado Tarumã, que as águas daquele igarapé haviam aparado-lhe ao nascer... Disseram-me que ele era um filho das águas do Tarumã, que seu pai era uma criatura encantada daquelas matas e que sua Mãe era uma das caboclas mais bonitas daquelas beiras, que foi morar dentro das matas após parir Tarumã - foi morar lá para as bandas de Nossa Senhora de Fátima, isolada nas beiras do igarapé, sempre esperando pelo pai de seu filho. Morreu Tarumã! Morreu o “40”, morreu os ingleses, morreu o paxiúba, morreu o mindú, morreu o educandos...
Crônicas da Rádio Tarumin-tarumã (2002) Primeira bandeira da Mata Viva Ong.
Ralph Proença. Ex-secrtário geral da Ong Mata Viva.
Mate a saudade Jó, meu velho companheiro de lutas
De fato, muita coisa mudou! Lembro-me
das lutas travadas por mim e o Jó, a frente da Ong Mata Viva em prol do Tarumã em meados de 2003. Enfrentamos enormes barreiras e por muitas vezes agressões e ameaças... Desafiamos interesses de poderosos numa época em que o Tarumã era tido como uma terra sem lei! Ainda há sérios problemas por aqui: Não temos segurança, o único posto de saúde não atende as necessidades da comunidade que é repleta de crianças, não temos uma farmácia pelas redondezas e o transporte demora cerca de duas horas para passar pela estrada da Vivenda Verde. No início das atividades da Ong Mata Viva, eu e o Jó e alguns pseudo ambientalistas que desistiram da empreitada no decorrer das lutas da Ong , por medo (um bando de frouxos), montamos uma Rádio comunitária dentro da comunidade para trazer informação, cidadania e ajuda aos moradores, além de mantermos uma escolinha de meio-ambiente para as crianças. Lutamos contra o Geenpeace para impedir as festas have´s que destruíam e poluiam as nascentes da Cachoeira alta, lutamos contra os saqueadores de madeira nova, areia e pedras das áreas verdes e dos igapós e fizemos de tudo para chamar a atenção das autoridades da época, para atenuar a destruição do Tarumã enquanto as invasões destruíam a selva nas nascentes da Cachoeira alta. Lutamos contra a prostituição infantil, a evasão escolar da comunidade e pregamos a cidadania e os direitos sociais, implantamos a criação e o resgate das nossas legítimas e primitivas abelhas regionais na comunidade com o apóio do Inpa e seus cientistas como o saudoso Prof. Keer, salvamos várias espécies de animais nativos de gaiolas e atropelamento pelas estradas e ramais, durante três anos mostramos o Tarumã e os seus problemas para Manaus. Eu e o Jó, só nos "afastamos" do Tarumã para não sermos mortos, coisa que muita gente não sabe, não é Jó? O mirante da cachoeira alta é uma das conquistas do nosso trabalho, a laje de pedra ameaçava cair com a quantidade de pessoas que utilizavam-se da cachoeira para lavarem seus carros em cima da laje da queda da água... ainda há muito para ser feito, nós sabemos! Hoje, lutamos para salvar algumas nascentes e um igarapé em especial, o Águas Brancas, e toda uma fauna e flora em seu entorno! Eu aqui na estrada da Vivenda verde, luto para preservar o igarapé do "ceará", cuja nascente serve de cemitério para carcaças de bois e cavalos doentes de uma grande fazenda. Nossa luta é árdua e desigual, primo por qualidade de vida para o futuro de meus/nossos filhos... Ainda agoniza o Puraquéquara, ainda temos a questão do sítio arqueológico soterrado pelo fraudulento habitacional Nova cidade, onde perdemos um pedaço valioso de nossa história, onde haviam cerca de cinco mil índios, o que seria o maior sítio arqueológico da história do Amazonas, cujas promessas de preservação, restauração, pesquisas e catalogação do material encontrado e o que encontra-se ainda soterrado permanecem esquecidos, assim como muitos dos compromissos assumidos por nossas autoridades. Temos a questão do desenvolvimento Sustentável mal resolvida pois muitas comunidades carecem de parcerias, incentivos e informação, carecem de projetos e parcerias, há muita desigualdade na distribuição de verbas para execução de bons projetos, faltam explorar de forma racional os recursos florestais que perdem-se diariamente bem debaixo de nossos narizes nas periferias e comunidades ruirás em sua maioria constituídas de invasões (mais floresta no chão), o que fazer com a madeira, as sementes, as colméias nativas de abelhas, o replantio racional das árvores derrubadas nestas invasões inevitáveis, não é senhores políticos? Cobrar o cumprimento das leis ambienteis das autoridades... Hé Jó, ainda há muito o que fazermos! Ajudem-nos nesta luta! O futuro agradece...
Ralph Proença - Ong Nossa Mãe Terra.
Acordei hoje e não vi nenhum Sauím-de-coleira, passar pelos fundos do meu sítio aqui na estrada da vivenda verde. Aliás já fazem cerca de uma semana que eles estão afastados... É que próximo ao meu sítio, há uma fabrica de moldes de concreto para a construção civil - o barulho dos homens e as maquinas trabalhando afugenta os Sauíns, bem como a Capivara que surpeendentemente apareceu no meu terreno para catar folhas caídas dos coqueiros para construir seu ninho dentro da mata. Aos poucos os bandos de tucanos, ciganas, periquitos e outras aves estão desaparecendo! É porque estes habitantes daqui estão perdendo seus espaço para o concreto que teima em derrubar as árvores e destruir as nascentes do Tarumã, eu pergunto aonde estão os corredores ecológicos? Onde está o freio para a devastação irresponsável para as áreas verdes de Manaus? Porque os responsáveis pelo Meio ambiente, continuam sentados em cima de seus sacos, como gatos de armazém, gordos e inchados??? Sinceramente, eu acho que Manaus brinca de ecologia, todas as ações são em função das "visitas" internacionais, "coisa para gringo ver"! Milhões gastos pra o advento da copa... Enquanto nossas nascentes protegidas por leis federais estão sendo destruídas e muitas das nossas crianças sucumbem pela fome, miséria e as drogas! Aqui mesmo no Tarumã tem gente perecendo pela miséria, abandono e o total descaso das autoridades. Um País em que as leis só funcionam para quem não possui condições de se defender... Acorda Manaus, acorda Brasil, JÁ PASSOU DA HORA DE DESPERTAR DESTE SONO LETÁRGICO!!! Ralph Proença, Presidente da Ong Nossa Mãe Terra - Não vou me calar mais!!!
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