i O Blog aguabrancaonline foi criado para contar a estória da vida do último igarapé urbano vivo em Manaus, contada por moradores e amigos frequentadores do Igarapé Água Branca, localizado na APA-Tarumã. A nascente principal está intacta, dentro de área florestal protegida pela Infraero. Ao longo de vários quilômetros o igarapé Água Branca está cercado de floresta primária, rica em flora e fauna. Ele deságua no Igarapé da Cachoeira Alta do Tarumã e abriga milhares de espécimes aquáticos.
Quem acompanha o blog sabe de tudo isso. Durante algum tempo nossas publicações foram interrompidas, por conta de viagens constantes que fazíamos ao interior do amazonas. Testemunhamos vários problemas ambientais que comprometem a qualidade de vida da geração atual e até das futuras gerações. O lixo é problema sério. Rede de esgoto, ninguém sabe nem o que é. Planejamento urbano é quase palavrão. Destinação do lixo, uma loteria. Projetos ambientais com resultados concretos, pode-se contar nos dedos da mão.
O clima está completamente desequilibrado. Em muitas regiões as águas estão simplesmente desaparecendo. No rio Solimões comunidades inteiras ficaram completamente isoladas. Para sair ou entrar só caminhando quilômetros pelas margens secas de enormes lagos e igarapés. Muitas cidades sofrem com desabastecimento, racionamento de gêneros alimentícios, combustível e energia elétrica. O apagão é diário. Mas o pior dos cenários parace que não incomoda tanto os moradores do interior. clima infernalmente quente e abafado está se tornando comum em todas as cidades do interior. Cidades de maior porte como Parintins, Tefé, Eirunepé, Tabatinga, Boca do Acre e São Gabriel da Cachoeira repetem cenários ambientais, embora fiquem localizadas em regiões totalmente distintas. O calor abafado produzido pelas QUEIMADAS é comum a todas e os danos já são comuns a todas.
Nossas cidades mais distantes, localizadas nas cabeceiras dos grandes rios, ainda contam com a proteção de uma vasta floresta na vizinhança. nestes locais o calor é mais suportável. Os igarapés próximos das cidades estão relativamente preservados e oferecem água boa e constante para o deleite dos moradores. As queimadas locais ocorrem em menor escala, mesmo assim um calor abafado é comum, por causa da fumaça trazidaspelos ventos de outras regiões.
Quanto mais perto de Manaus for a cidade, tanto mais grave é a situação gerada pelas queimadas. Com raras excessões, quase todos os municípios próximos do “grande centro” agridem mais seu meio-ambiente de entorno. Cidades de maior porte, abrigam mais pessoas que acabam invadindo mananciais de água e floresta. Esse avanço urbano desordenado se espalha pela zona rural e centenas de novos roçados surgem da noite para o dia, gerando focos incêndio que se espalham por áreas enormes. Não são grandes as áreas de queimadas. O que é grande é o número delas. Junto com as queimadas vem a destruição de flora, fauna e ecossistemas inteiros, como os “baixios”, igapós, margens de igarapés e florestas.
No meio disso tudo fiquei pensando na chance que nosso igarapé tem de continuar atrevidamente vivo! Tamanha ousadia, revela uma história de vida que remonta aos tempos de manaós. Desde lá e até antes, esse milagre chamado Igarapé Água Branca insiste em continuar atenuando o calor dessa cidade desalmada. Talvez o fim dessa estória que passamos a contar apenas no ano passado, revele para o futuro um drama. Ou quem sabe anuncie uma vitória da vida. Sinceramente não sabemos. Sabemos apenas o que queremos… Continuar contando de verdade essa estória, torcendo e trabalhando muito para um final feliz. Viva o Igarapé Água Branca – Tarumã/Manaus.
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