Olha bem Manaus! Se pensas que esqueci, estás enganada! desde quando resolvestes existir eu comecei a morrer. Minha alma de índio nunca seria respeitada.
Meu simples desejo de viver onde nasci, tu me tomaste.
Porque Manaus? Prá que, Manaus?
Hoje me faço ator para que tu vejas a cena que aprontastes comigo. De mim, foram levados filhos, alimento, teto, saúde… a conta é grande, Manaus!
Em cada cena que represento, tento te mostrar que te perdoei, Manaus. Sim, eu já fiz isso! afinal não sou um anumal selvagem. Sou humano, do tipo composto de humanidade, incapaz de cometer selvagerias.
Olha Manaus eu ainda tô aqui. Tá vendo? Não nasci aqui nessa taba de concreto. Minha aldeia fica longe daqui. Lá tem floresta, igapó, lago grande e pequeno, rio de todo tamanho, bicho de todo tipo e igarapézinhos iguais a esse aqui no Tarumã.
O nome dele é Água Branca. Nas suas águas frias e cristalinas, construímos o tablado do nosso espetáculo. Aqui, nós que já deixamos o cenário, te pedimos para conservar nosso palco. Ele está vivo e apresenta espetáculos diferentes todos os dias, sem intervalo entre as sessões.
Melhor: É tudo de graça!
Ah! As sessões estão sempre lotadas.
Agrademos aos atores Tarianos da Cia de Teatro Pombal, ao grande Vitalli, ao escritor Ribamar Mitoso, moradores vizinhos do igarapé, crianças e seus pais, a cyber-Incabocla, ao som das águas, com a harpa da Noemi e muito especialmente ao Resistente Generoso Água Branca, que nos permitiu homenagear todas as águas do planeta, no Dia Internacional do Meio-Ambiente. Viva!
Ps: Na transmissão ao vivo para todo o planeta conectado alcançamos a inacreditável audiência de 11 seres humanos. Isso é que é audiência!